sexta-feira, 9 de outubro de 2020

A imoralidade da proibição de ser empresário

Boa noite, amigos! 

Andei sumido, meio sem inspiração para escrever aqui...
Faz parte do jogo, eu acho. 

Uma das regras mais estúpidas do funcionalismo público é a 
proibição do funça ser sócio-gerente/ sócio administrador de 
empresa, e também a probição de trabalhar em uma empresa
(Ser visto trabalhando numa empresa e/ou atendendo clientes 
é algo passível de demissão).

Na minha opinião isso é imoral (fere a livre iniciativa da pessoa)
e podemos até argumentar que seja inconstitucional.

Sinceramente, eu torço para que isso seja liberado algum dia,
até porque é mais uma segurança pros funças no caso de 
atraso ou corte de pagamentos - imagine só, o cara é 
funcionário público, tem 40 anos, família, etc. e do nada a 
prefeitura/governo/união atrasou o salário ou não pagou 
simplesmente (já aconteceu no RS, no RJ, etc.). 
Se ele tivesse uma empresa ou pudesse atuar como 
autônomo em sua área, ele ainda teria uma renda para 
se sustentar sem ter que consumir seu patrimônio, e isso lhe
daria muito mais tranquilidade para trabalhar. 

Um argumento que já vi usarem contra isso é que "ah, mas 
se liberar para ter empresa os que são vagabundos vão ficar 
tratando de seus negócios durante o expediente e vão 
negligenciar o serviço" >> primeiro, funcionários de empresas 
privadas não têm restrições para ser empresários (salvo alguns
casos específicos, e mesmo assim com as restrições definidas 
em contrato) e, portanto na iniciativa privada também se corre
esse risco, e as coisas funcionam, e duvido que não haja 
nenhum funcionário da iniciativa privada que não administre 
seu negócio paralelo durante o expediente na firma, então 
esse argumento não é válido. 

Segundo, é só colocar na lei: pode ter empresa / ser autônomo,
mas se for flagrado conduzindo seus negócios durante o 
expediente e/ou dentro da repartição e/ou usando recursos da
administração, será demitido por justa causa" - eu acharia isso 
bastante justo. Claro, também teria que cobrar a aplicação da
lei.

Outro argumento: "ah, mas ele vai usar o cargo para ter 
vantagens para a empresa dele" - então coloca na lei que ele 
pode ter empresa mas é proibido de ter qualquer negócio com
a administração pública (ou seja, é proibido participar de 
qualquer licitação ou até mesmo de compras por dispensa de
licitação), e dependendo do cargo, isso restringiria
as atividades  empresariais que ele poderia exercer também 
(por exemplo, realmente não seria justo um fiscal da ANVISA 
poder ser dono de restaurante, porque ele poderia pedir pros 
colegas aliviarem na fiscalização do restaurante dele). Agentes
da ANVISA poderiam ter outros tipos de negócio que não sejam
fiscalizados pela ANVISA.


Vejam que poder ser empresário poderia até ajudar a diminuir o 
número de funças >> por exemplo, se eu tivesse uma empresa
ou fosse autônomo e começasse a atender muitos clientes ou 
se minha empresa desse certo, eu sairia do serviço público,
obviamente, porque no serviço público, se você for honesto, 
seus ganhos são muito limitados e suas responsabilidades são
infinitas, dependendo do cargo, e até mesmo podem ser
desproporcionais ao salário ganho (conforme já escrevi em 
outros posts)

Óbvio que, se levarmos em conta o exemplo que citei acima 
(da ANVISA) há alguns cargos que a meu ver não poderiam 
ter empresas de jeito nenhum, como os fiscais de tributos
(que poderiam, talvez, atuar como autônomos).

Enfim, essa questão de liberar as atividades empreendedoras 
para os funcionários públicos seria um ótimo ponto a ser 
acrescentado ao texto da Reforma Administrativa...

Mas enfim, esta reforma (assim como muitas outras antes) 
só vai atingir o baixo clero dos funças, então as autoridades
estão é se lixando para estes detalhes.

O jeito é cada um se virar como pode, e se preparar para, de
alguma maneira, não depender do governo.

Rumo à IF!!! 


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Concurseiros: tentem ir para as atividades-fim

 


Conforme já disse nos posts anteriores, a área que mais sofre na administração pública é a área meio, por causa das inúmeras burocracias existentes, a dificuldade em cumprir todas as normas que existem e são inventadas toda semana e por aí vai.

As áreas-fim do funcionalismo (médicos, advogados, fiscais, pesquisadores, professores, etc.) obviamente também têm suas norminhas babacas (não me refiro às normas que realmente são necessárias e válidas, me refiro somente às babaquices inventadas por legisladores e por lobistas mau caráter), mas elas não são nem de longe tão extensas quanto as das atividades meio, de modo que o trabalho desses profissionais é um pouco menos estressante neste sentido (óbvio que eles têm outros problemas que os das atividades-meio não têm, mas a julgar pelo que vejo no trabalho, acho que em geral é bem mais suave).

A dificuldade para ingressar nas áreas fim é que geralmente tem menos vagas que os concursos das áreas meio (vejam que isso em si já é uma distorção na administração pública e mostra como que o excesso de burocracia exige desproporcionalmente mais mão de obra que as atividades-fim do Estado) e os concursos exigem diplomas específicos - os concursos de áreas-meio geralmente são aqueles que exigem só o nível superior em qualquer área ou ensino médio sem curso técnico. Como a maioria dos brasileiros que têm nível superior são formados em cursos que não tem nada a ver com as atividades-fim (exceto os advogados, claro), então acaba só sobrando mesmo esses concursos de áreas-meio para o brasileiro médio (e notem que nos editais a descrição das atividades do cargo são as mais genéricas possíveis, para que o funça trabalhe em praticamente qualquer coisa e não possa nunca alegar desvio de função).

Eu aconselho àqueles que ainda queiram entrar no serviço público que se formem em alguma faculdade que permita prestar concursos para as áreas-fim, ainda mais depois desta reforma administrativa que está a caminho. Se vocês já são formados em alguma área que não seja dessas, então façam outra graduação que tenha a ver com uma atividade fim, caso o serviço público ainda seja atrativo (imagino que só vá piorar). 

A área-meio menos pior que existe, na minha opinião, é o Controle Interno, porque você é uma "pedra", enquanto que em todas as demais atividades meio você é uma "vidraça". Óbvio que o risco de ser do controle interno é se deparar com uma quadrilha de funcionários e políticos corruptos e ser ameaçado por eles, mas acho que a tendência da auditoria é ser cada vez mais automatizada, de modo que quase não será necessário ao auditor ir presencialmente nos locais, então muito provavelmente se você descobrir indícios de corrupção, talvez os bandidos nem saibam quem você é.

A pior coisa que pode acontecer com um servidor de área fim, no meu ponto de vista, é ser designado para ser fiscal de contrato ou designado para elaborar o termo de referência de uma licitação (um calhamaço em que a administração pública tenta descrever da melhor forma possível o que ela quer comprar), mas você pode dar sorte e nunca ser designado para fazer nenhuma dessas coisas e acabar trabalhando só com a sua profissão mesmo, sem precisar se envolver nas burocracias. 

Com a escassez de concursos, e com a iminente reforma administrativa, podem acontecer várias coisas:

- daqui para a frente só abrir concursos para as atividades-fim (é um dos meus planos, migrar para uma atividade fim para deixar de ser burocrata);

- os cargos públicos em geral se tornarem menos atrativos (exceto os da casta superior dos poderes judiciário e legislativo), o que pode diminuir a concorrência nos concursos, mas também viram empregos de merd@, então é uma situação meio que "perde-perde";

- aumentar o número de apadrinhados na administração pública (com um eventual fim da estabilidade acho que é isso que vai acabar acontecendo, voltamos à situação das décadas passadas, e acho que o texto da reforma nem fala dos cargos comissionados) e com isso aumentar a corrupção e a ineficiência da máquina pública (funcionários fantasmas, perseguição política dentro das repartições - aliás, vejo que a perseguição política é uma realidade há muito tempo, especialmente na área de educação: só posso imaginar o drama de ser um professor de direita numa faculdade pública, ou até numa escola municipal/estadual. Deve ser um inferno em vida lidar com professores marxistas como colegas de trabalho...

Como sempre, só o aporte, a disciplina financeira, e o estudo salvam! Quem é funça, recomendo que aporte o máximo possível todo mês, pra ontem, quite quaisquer dívidas que tiver, e se prepare para as vacas magras.

Forte Abraço! Rumo à IF!

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Não há incentivo à produtividade na administração pública - a motivação tem que vir de você

Boa noite, companheiros de blogosfera!

Eu achei que fosse conseguir fazer 1 post por semana, mas confesso que tem sido difícil arranjar inspiração. Vou ver se consigo compensar, mas acho que vou precisar aumentar o intervalo para 1 post a cada 2 semanas. Olha que eu faço isso aqui totalmente livre... imagino como seria difícil ser um colunista de revista/jornal/site de notícias e ser obrigado a escrever todo dia alguma coisa nova... Enfim, vamos ao post de hoje:

Pela minha experiência, é muito difícil ser produtivo na administração pública por diversos motivos.  O principal deles decorre do "perfil" das leis que regem o serviço público
que é um perfil de Administração burocrática (quem já estudou, sabe: Max Weber, teoria da burocracia, hierarquias verticalizadas, etc.), sendo que a principal desvantagem deste paradigma de administração é o foco excessivo nos meios e não nos fins (Acho que deixei isso bastante claro na minha postagem anterior).  Claro que a burocracia tem as suas coisas boas, mas acho que ela precisa diminuir, e muito, na administração pública brasileira. A principal vantagem da burocracia, que seria um maior controle que em tese evitaria a corrupção, os favorecimentos, etc. visivelmente não funciona.

Mesmo hoje em dia, em que já há alguns anos tem-se tentado mudar o paradigma (para um de administração pública focada na eficiência - chamada administração gerencial...todo mundo que estuda pra concurso conhece esse termo, tão amado por uns e odiado por outros) ainda são produzidas muitas leis, portarias, decretos, etc. que embora tentem dar mais eficiência, acabam aumentando a dificuldade dos processos. Por exemplo, dentro de cada órgão há tantas comissões instituídas por leis (comissão de planejamento de licitação, comissão de gestão, de controle interno, de sustentabilidade, comissão ambiental, etc.) que se isso for seguido ao pé da letra, todo servidor público iria todo dia participar de uma reunião para avaliar alguma coisa, e toda reunião teria uma ata a ser assinada por todos os membros, seria arquivada e integraria os processos, e por aí vai e nada seria feito o dia inteiro, além de reuniões (eu nunca soube de nenhum órgão em que essas comissões todas realmente funcionem da maneira como está na lei). E volta e meia surge uma lei instituindo um documento novo a ser anexado aos processos já inchados de documentos...

Novamente, insegurança jurídica total, porque nunca se tem certeza de estar cumprindo totalmente a lei.

Outro sintoma do excesso de foco nos meios: cada nota fiscal de cada produto/serviço entregue recebe assinaturas de vários servidores (um responsável pelo estoque, outro responsável por receber o material, outro responsável por pagar a nota, etc.) - isso até faz sentido, por causa do princípio da segregação de funções (que existe para evitar conflitos de interesses e coibir a corrupção)

Mas o pior sintoma mesmo é  o fato de que qualquer processo para comprar qualquer coisa, até coisas bobas e simples como papel A4 e cartuchos de impressoras, acaba virando um monstro de mais de 100 páginas, com inúmeros documentos exigidos, atestado disso e daquilo, dezenas de assinaturas, e que precisa ser analisado por advogados do seu órgão (se tiver, né) e depois por advogados da CJU (e mesmo assim corre o risco de ter alguma coisa errada e sofrer questionamentos dos órgãos de controle) e então mesmo as compras mais simples tornam-se muito difíceis e demoradas. Isso sem falar nos processos em que não se completa nem um mês após a homologação e algum fornecedor resolve entrar com recurso para revisar o preço, alegando que "o preço do item no mercado flutuou muito e agora o preço da licitação é desvantajoso para ele".

Eu sinceramente acredito que chegará um dia, caso nada mude, em que será impossível comprar qualquer coisa na administração pública, tudo por causa do foco excessivo nos meios e quase nenhum foco no resultado. 

Sinceramente, eu concordo com uma opinião que já vi sendo bastante propagada por aí: o serviço público é uma máquina trituradora de sonhos. Geralmente a burocracia nos sufoca, e por causa das barreiras que ela impõe, caímos em um marasmo, acabamos nos rendendo a ela, mesmo aqueles entre nós que querem fazer a diferença, que querem melhorar a qualidade do serviço público... Temos que buscar a motivação dentro de nós, pois as leis brasileiras em si são um grande desincentivo à inovação e à melhora, por mais palavras bonitas do juridiquês que estejam em seus textos (as leis são cheias de termos bonitos... "transparência". "eficiência", "qualidade", etc. mas na prática o buraco é mais embaixo...)

E vocês, leitores que também são funcionários públicos? O que acham disso? Acham que um dia vai ter tanta lei e tanto controle que tudo vai ficar travado e vai ser impossível trabalhar? Vocês conseguem buscar motivação em algum lugar?

Abraços a todos! Rumo à IF!

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

A insegurança jurídica do gestor público

 Boa noite, amigos. Acabei não escrevendo na semana passada. Que mancada a minha, logo no começo do blog! Rs Talvez eu compense isso esta semana, ou na outra, mas vamos ver.

Quem é de fora nem imagina, mas no funcionalismo público, especialmente nas áreas meio (finanças, compras, RH, etc.) a insegurança jurídica é imensa. Tal fato deve-se ao colossal volume de leis que tentam reger cada aspecto microscópico da gestão dos recursos públicos. Embora até haja uma boa intenção (evitar a corrupção), nada disso é bem planejado, dificilmente ocorrem atualizações das leis, e o conjunto dessa obra acaba complicando demais a vida dos funcionários honestos e infelizmente não impede que os corruptos façam esquemas e roubem dinheiro, conforme vemos há anos nos noticiários.

Dizendo de outra forma: o Estado tenta ser, em relação ao trabalho no funcionalismo público, um gigantesco micro-gerente,  e isso se aplica principalmente nas compras públicas (licitações), o que faz com que a todo momento surjam novas normas, orientações, etc. E praticamente todas as leis que existem neste âmbito são confusas, mal feitas, e obviamente pensadas por pessoas que nunca teriam que lidar com suas consequências.

Vejam só este comentário, escrito 5 anos atrás, no blog zênite (blog especializado em licitações) em um post sobre a necessidade de atualizar a lei de licitações

"Acredito que uma atualização de valores não resolve a questão central das licitações no país. Aliás, sou a favor da revogação completa desta lei. Inclusive, a própria numeração nos remete a questões bíblicas. O correto seria a revogação da lei e a elaboração de uma nova, com termos claros, precisos, apropriando-se da prática no dia a dia. Uma, apenas uma modalidade, seria suficiente para todas as situações. Poderia ser apenas concorrência, independente de valores. O que seria exigida é a documentação em função de valores. Quanto maior o valor estimado da contratação, maior a exigência de documentos. Simples assim. O que não dá é para permanecer na situação em que está. Uma lei confusa, que já se passaram mais de 20 anos e ninguém entende direito. Estou falando na prática, no dia a dia. Mas se podemos complicar, por que simplificar??? E esse raio da lei da microempresa? Que tal se houve um site nacional, único, em que se pudesse cadastrar o objeto, e as empresas interessadas fazerem pesquisas por região, cidade, valor, objeto, etc??? E isto já valesse também como publicação?"

(os grifos são meus!)

Conforme o comentarista escreveu, seria muito mais simples se as compras públicas, pelo menos as de bens e serviços comuns, fossem totalmente realizadas por um painel de preços on-line (existe um painel de preços, mas ele só é usado para pesquisar preços. Na minha opinião ele deveria ser usado para contratar empresas, e assim eliminar a burocracia inútil das licitações). Conforme o comentário colado acima, a legislação de licitações públicas é extensa, confusa, e, assim como ocorre com a legislação tributária, nenhum agente público tem certeza se está cumprindo 100% das exigências legais quando conduz uma licitação, por exemplo. Em um curso de direito e gestão pública que tive que fazer, bancado por meu órgão (por exigência dos chefes - vejam que não é só na esfera privada que você é obrigado a fazer MBAs, pós graduações, etc), as notas mais baixas da turma que fez comigo foram justamente na matéria referente a licitações. Para quem é da área, isso não é surpresa. Mesmo coisas aparentemente simples como prazos de documentos são tratadas de maneira confusa e caótica nas normas, e acaba que todo mundo tem dúvidas sobre coisas que deveriam ser triviais (por exemplo, arbitrariamente a lei às vezes coloca um prazo em dias corridos, às vezes em dias úteis, e isso confunde a cabeça de todo mundo que trabalha com isso)  Este cenário é tão pior quanto mais complexo for o objeto da compra (o caso extremo, a meu ver, são as obras públicas de grandes proporções, mas acreditem que até para reformar uma sala há N complicações legais que podem tirar o sono). Mesmo que as compras públicas fossem 100% reguladas somente pela lei 8666 (conhecida não ironicamente como "a lei da besta"), ainda seria um assunto muito complicado, porque trata-se de uma lei confusa e omissa em vários pontos importantes. No entanto, a realidade é ainda pior, pois além desta lei, ainda há dezenas de decretos, instruções normativas, portarias, etc. e - sem exagero - centenas, talvez milhares de súmulas e acórdãos de órgãos judiciários (STF, STJ) e de órgãos de controle (tribunais de contas) a serem observadas, de modo que em muitos dos processos de compras, os agentes públicos responsáveis estão pisando em ovos, e dentro de cada ovo há um caco de vidro escondido. Óbvio que para comprar coisas como papel, caneta, etc. não é tão complicado (mas ainda é bastante chato), o grande problema são, como disse acima, as compras complexas (obras, sistemas de TI, etc.) E volta e meia os nossos legisladores tiram, não sei de onde, uma nova regrinha para as compras públicas (um exemplo até recente -2018- é a cota para ex-presidiários nas empresas contratadas pela administração pública - eu pessoalmente concordo que ex-prisioneiros, pelo menos os que cometeram crimes leves, necessitem de uma segunda chance na vida, mas daí a obrigar a administração a exigir isso das empresas que contrata já acho um absurdo. Se o governo quiser a ressocialização dos presos, deveria fazer isso através de incentivos fiscais para as empresas que os contratarem e melhorando as condições nos presídios para que eles deixem de ser fábricas de bandidos). Obviamente quem pensou nesta lei não pensou nas possíveis consequências e nem da dificuldade extra que criou para as contratações públicas, e provavelmente nem terá que conviver com as consequências disto.

O pior é que não há realmente um apoio jurídico que dê tranquilidade a quem trabalha com essas coisas. Até mesmo em órgãos localizados em capitais não há o suporte necessário. Imaginem então as dificuldades dos funcionários das pequenas prefeituras no interior do Brasil, que têm pouca gente e muita responsabilidade... Em suma, meus amigos, não existe emprego dos sonhos: enquanto o funcionário privado dorme com medo da demissão, o funcionário público, dependendo da função, dorme com medo de ser responsabilizado por coisas que, muitas vezes, estão totalmente fora de seu controle. Principalmente os da área meio.

Só há uma solução, amigos (tirando o aeroporto): aportar, aportar forte e sempre, e se livrar da obrigação de trabalhar!

Rumo à IF!

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O serviço público não é aquela maravilha que todos pensam

 Boa noite, amigos

Até hoje as pessoas têm aquela imagem estereotipada dos funcionários públicos que vem desde....sei lá..... da década de 50-60(?), aquela imagem de funcionários que saem antes do horário todo dia e só ficam o dia inteiro conversando, tomando cafezinho e jogando paciência. Concordo que hoje em dia ainda tem alguns dinossauros nas repartições que agem quase dessa maneira, mas como o apelido sugere, geralmente são a galera mais velha e são poucos, quase extintos. Do pessoal que entrou mais recentemente, a grande maioria não é assim. Infelizmente sempre têm os vagabundos inúteis que pensam que "passei no concurso = me aposentei". Enfim, a existência dos vagabundos, jovens ou velhos, dificulta em muito a vida dos que querem trabalhar, e esse é um dos meus problemas. 

Crime de abandono de função – entenda o que é! - Direitos Brasil
no serviço público alguns trabalham assim....


Ser atarefado não é o mesmo que produtivo; saiba se é um ...
...e por causa disso, outros trabalham assim.

Modéstia a parte, eu sou responsável e me preocupo em "merecer meu salário", mas quando eu dependo do trabalho feito por algum desses encostados, eu sofro muito, primeiro porque demora muito para chegar até mim e eu fazer a minha parte do processo, e quando chega, geralmente chega em cima da hora, quase no fim do prazo (e prazos são coisas cobradas de maneira pesada nas leis, principalmente os que se referem a pagamentos, pensões, atender ordens judiciais... falarei mais sobre isso em futuros posts). Outro motivo do sofrimento é que eu não posso jamais confiar 100% no trabalho feito por alguém irresponsável, então preciso conferir tudo, ler com calma e, dependendo dos erros que eu encontrar, refazer muitas coisas. Por causa destas coisas eu geralmente saio bem depois do expediente (sim, isso também existe no mundo dos funças, não é privilégio dos guerreiros da iniciativa privada....) e isso é ainda mais frustrante do que na iniciativa privada, porque no serviço público você um cara encostado ganhando a mesma coisa que você só que trabalhando bem menos e saindo no horário. Eu me sinto mal e frustrado com isso.

Outra coisa bizarra da administração pública: você pode ser punido (leia-se: pagar multas) por seus erros mesmo tendo errado de boa-fé (ou seja, sem corrupção, sem malandragem, sem ser de propósito... você errou simplesmente porque... errou, e errar é humano e todos erram): seguindo a lei ao pé da letra, você verá que é exigida a perfeição em todos os seus atos, e na falta de algum artigo disciplinar para enquadrar seu erro, você sempre pode ser enquadrado no que eu chamo de "artigo coringa": negligência. Isso acontece na iniciativa privada também (quando um chefe inventa um motivo para te mandar embora ou te dar esporro), mas saibam que no serviço público isso também pode acontecer, não é uma "profissão sem riscos", ao contrário do que geralmente é propagado por aí.... Enfim.... 

Para mim, só tem duas vantagens no serviço público: a principal é a "estabilidade" (que durará só enquanto o governo puder pagar os salários... não sou mais um iludido que acredita que isso vai durar para sempre) e o salário mais alto que a média da iniciativa privada (mas nem todos os cargos pagam bem... as pessoas de fora geralmente odeiam todos os funças por causa disso, mas na verdade é uma pequena elite da União que realmente ganha bem - 90% dos funças são do baixo clero: professores de escolinha municipal, servidores de pequenas prefeituras, servidores estaduais, que na verdade não ganham tão bem assim, vejam os editais desses concursos e terão uma ideia), e digo mais: na verdade essas duas vantagens agem como uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que são coisas boas, elas também prendem o funcionário público numa coisa que eu chamo de "gaiola de ouro": te deixam com medo de tentar outras carreiras, outras profissões, porque você tem medo de perder a "estabilidade" e o salário acima da média para se arriscar num negócio ou trabalhando numa empresa. Então, mesmo que sua qualidade de vida no trabalho não seja boa (chefe chato, colegas puxadores de tapete, colegas encostados, tarefas estressantes... isso tudo infelizmente existe em qualquer lugar, mesmo na menor das repartições públicas não se iludam!), você se sente preso a ela, com medo de perder as vantagens, e corre o risco de ficar "preso" no trabalho até se aposentar (se conseguir se aposentar, né, porque eu aposto que daqui a uns 5 anos vai ter outra reforma, e depois outra,.... enfim, vocês entenderam). É isso que eu estou tentando reverter na minha vida. Estou tentando correr atrás do prejuízo e me encontrar em outra carreira. Será que vou conseguir? 

Até a próxima, companheiros de jornada! Rumo ao milhão! 

Apresentação e declaração de meu objetivo

 Saudações a todos os companheiros da blogosfera de finanças brasileira!

Sou funcionário público federal, tenho entre 30 e 37 anos, formado na área de exatas. Passei em um concurso para um órgão federal em algum ano da década passada, pouco depois de ter me formado. Antes disso cheguei a trabalhar dois anos numa empresa, sendo um tempo como estagiário e o resto como efetivado. Não acho prudente dizer mais do que isso sobre mim mesmo. 

Resolvi abrir meu blog para interagir com vocês, após alguns anos comentando (raramente) como anônimo nos blogs do pessoal (eu cheguei a comentar em alguns blogues das antigas, como o do Pobretão, Mobral,...), para falar minhas opiniões sobre esses assuntos de finanças e mundo do trabalho e desenvolvimento pessoal.

Outro motivo para criar o blog: desabafar os perrengues que passo no trabalho (sim, funcionário público também se fode no trabalho, principalmente se for honesto e responsável, conforme mostrarei em futuras postagens) e, talvez, encontrar leitores que se identifiquem com minhas dificuldades (funcionários públicos ou até mesmo ex-funcionários públicos) e trocar uma ideia, tendo em vista que são assuntos geralmente desconhecidos do público em geral.

Espero com este blog também ajudar a desfazer os mitos sobre o serviço público e até mesmo dar uma orientada queles que sonham em passar em um concurso, dando uma perspectiva mais realista sobre o que poderão encontrar quando passarem (com certeza uma abordagem mais sincera do que os depoimentos de aprovados de cursinhos preparatórios)

Meu objetivo financeiro e profissional: largar o serviço público (sim, isso mesmo) e/ou atingir a Independência financeira para não precisar mais ser obrigado a trabalhar,  e encontrar um trabalho onde eu encontre significado no que eu faço (isso ou passar em um concurso público para alguma atividade-fim do serviço público e nunca mais trabalhar nas atividades-meio)

Vejam bem: eu não quero parar completamente de trabalhar: o que eu quero é trabalhar em alguma coisa com significado - imaginem que porcaria atingir a IF com... digamos, 40 anos de idade, e passar o resto da vida vendo filmes, coçando o saco, cuidando da casa, etc. seria uma vida de m*rd@ na minha opinião. Deve ser muito triste chegar no leito de morte e pensar "pois é... passei meus últimos 50 anos de vida vendo TV... assisti 200 séries, vi 800 filmes, e ri muito vendo vídeos no you tube. Ah, viajei pro exterior umas dez vezes."

Um dos principais problemas no serviço público (falando pela minha experiência) é justamente este: ausência (ou quase ausência) de significado no trabalho. Outro problema, que abordarei neste blog e também é um dos motivos para eu ter vontade de largar tudo é este: a imensa dificuldade de se trabalhar, por causa das infinitas restrições impostas pelas leis - quem é servidor da área de finanças públicas e/ou de licitações sabe do que estou falando. Em suma, as inúmeras normas a serem seguidas dificultam em muito a vida do funcionário honesto e não impedem os corruptos de fazerem seus esquemas, e isso é muito frustrante. 

Em futuros posts falarei mais aprofundadamente a respeito disso tudo. Minha intenção é postar uma vez por semana. Às vezes pode ser que poste mais, mas sinceramente eu não sei se terei tanto assunto assim... Vamos ver no que dá! Rs

Para fechar a minha apresentação, para mim IF = R$ 2,5 milhões em patrimônio (ações, FIIs, LTN, imóveis para aluguel, sem incluir imóvel próprio para moradia) e/ou R$ 8K mensais de renda passiva, que permitam pagar minhas contas e ainda sobra para aportar - sinceramente,  eu não acredito em taxa segura de retirada - TSR - acho muito perigoso, porque coisas como custo de vida e inflação não são facilmente previsíveis...

Até a próxima, soldados do milhão! Fui!

A imoralidade da proibição de ser empresário

Boa noite, amigos!  Andei sumido, meio sem inspiração para escrever aqui... Faz parte do jogo, eu acho.  Uma das regras mais estúpidas do fu...